Fonte: Blog do Bacchi - Sempre Vasco (texto
Nascido em Benfica, filho de uma família abastada e monárquica, logo cedo optou pelo republicanismo o que levou o pai a mandá-lo para os Estados Unidos com o objectivo de completar os estudos. Formou-se em engenharia mecânica, retornando a Portugal e participando do golpe de 31 de Janeiro de 1891 que foi a primeira tentativa de implantação de um regime republicano naquele país. O fracasso do movimento o leva para o Brasil, aonde fundou no início do século passado a primeira fábrica de gelo do país, localizada em frente a antiga sede do Vasco na rua Santa Luzia, sendo um dos pioneiros no estudo do frio industrial em nossas terras e além disso, foi diretor da Companhia Frigorífica do Cais do Porto em 1915. Detalhe que antes da fundação da chamada Gelobrás, o gelo que chegava ao país vinha em forma de lastro dos navios que ancoravam no porto, o que certamente era uma tarefa colossal a sua retirada.
Foi ainda superintendente da própria Companhia Docas do Rio de Janeiro além de seu diretor tesoureiro.
Ainda na área da engenharia e da indústria, foi responsável por inúmeras obras como a edificação do Palácio do governo de Manaus em 1900 e pela implantação da primeira usina siderúrgica da América Latina, a Usina Santa Luzia. Presidiu o Centro industrial do Brasil em 1928, construiu e empresariou o Cassino Theatro Beira Mar em frente ao Passeio Público no ano de 1921, bem como construiu o primeiro automóvel do país em 1929.
Condecorado por inúmeras sociedades científicas tanto do Brasil quanto de Portugal, destacou-se na comunidade Luso - Brasileira participando da criação da Federação das Associações Portuguesas no Brasil, exercendo por anos a fio a presidência do Grêmio Republicano Português e do afamado Club Ginástico Português, além de ter sido diretor da Beneficência Portuguesa.
Os ideais republicanos estavam enraizados em Prestes, retornando a sua terra natal após a implantação da república e ao Brasil depois da chegada ao poder de Sidônio Paes, sendo que em 1922 torna-se membro da comissão do centenário da independência que recepciona Antônio José de Almeida, então presidente de Portugal, no nosso país.
Filantropo e assistencialista, colaborou ainda com o Rotary Club além da maternidade Pró - Matre além de outras casas que necessitassem de recursos.
Dois fatos marcantes podem ser destacados na vida de Prestes: Foi preso e libertado em Portugal em 1917, além de ter sofrido atentado a bomba no Brasil em 1912, fato esse muito provavelmente ligado ao movimento anarquista português.
O governo de Portugal premiou José Augusto Prestes com a Ordem Militar de Cristo no grau de Grande - Oficial, título honorífico que é destinado somente a grandes personalidades e pessoas de altíssima relevância por serviços prestados por estrangeiros ao país ou a humanidade, tanto militares como civis.
Mas e o Vasco? Aonde fica no meio dessa vida tão ativa?
Prestes associou-se ao club no início de 1923 ( 28-02 ) já destinado ao cargo maior da instituição, tendo sido eleito em 14-12-1923 e empossado em 24-01-1924, fazendo do primeiro e único ano dele como mandatário, 1924, o mais importante não somente da história do Vasco mas do esporte: Ao redigir e enfrentar os chamados "grandes clubes" com a famosa "resposta histórica", documento esse em que o Club de Regatas Vasco da Gama se desligava da então recém fundada AMEA ( Associação Metropolitana de Esportes Atléticos ) que discriminava negros, operários, analfabetos e pessoas humildes, rompeu os grilhões do racismo, inaugurando uma nova era não só esportiva mas de relacionamento humano e alçando nossa instituição a uma categoria única na história social e humanitária, marcando indelevelmente o Club de Regatas Vasco da Gama para sempre como um club realmente democrático e que praticava a inclusão dos menos abastados, mas igualmente importantes !
Renunciou ainda em 1924 vindo a falecer em 08-07-1952, mas aquele ano, aquele 1924, ficou para sempre na história do esporte e o homem, homem do Vasco, engenheiro de renome internacional, filantropo e vascaíno, certamente ficará para sempre na nossa memória como uma das figuras mais importantes não só do nosso pavilhão mas da história esportiva, social e econômica do nosso país!
Viva a grandeza do Vasco, viva José Augusto Prestes e o seu legado !
Fonte de Consulta : 1910-2010 - COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO REPUBLICANAS
Ana Teresa Peixinho
Clara Almeida Santos
COORDENAÇÃO IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
2011
Agradecimento ao pesquisador vascaíno Rafael Nadai Bacchi
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