quinta-feira, 5 de outubro de 2017

SNI produziu dossiê sobre Afonsinho em 1971

Mais de 40 anos depois, Afonsinho se intriga com a origem das informações - muitas sem fundamento, segundo ele.

Outro dossiê sobre Afonsinho, de 29 de dezembro de 1971, foi produzido pelo Centro de Informações da Marinha. Diz que Afonsinho, então no Vasco, vinha "se constituindo num dos possíveis líderes do movimento subversivo junto a seus colegas de profissão". "Recentemente, criou um problema social, no Vasco da Gama, por ocasião da renovação do contrato do jogador Alcyr, tendo tirado partido da situação, inclusive explorando o problema racial", diz o texto. O documento ainda o acusa de, em férias na França, ter feito curso de capacitação política "junto a elementos ligados à AP (Ação Popular, grupo de esquerda)".
Delator. Mais de 40 anos depois, Afonsinho se intriga com a origem das informações - muitas sem fundamento, segundo ele. O ex-atleta se lembra do incidente na viagem do Olaria. O motivo foi o pagamento de um bicho (gratificação por vitória). Suspeita que dirigente "meio esquisito", que não citou, tenha sido o delator. "Uma delegação é um grupo restrito", diz, recordando o desligamento da excursão. Afirma ainda que as viagens citadas pelo SNI foram a trabalho, inclusive as visitas à Coreia do Sul (e não do Norte) e a Hong Kong.
"Não fiz curso nenhum, não, nem tive encontros de cunho político nas viagens", relata. Mas confirma amizades com militantes. "Tenho amigos que participaram de todas as formas." Afonsinho conta que fez amizade com atletas da Tchecoslováquia e Iugoslávia, então países comunistas. Afirma que não se recorda do episódio envolvendo Alcyr, mas admite que pode ter conversado sobre renovação de contrato.


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